terça-feira, 29 de novembro de 2011

Compromisso dos alunos com a Educação EAD





O Ensino à Distância entrou no cenário nacional como uma oportunidade para quem não teve condições de cursar uma faculdade. No início a maioria dos alunos eram professores que haviam cursado o antigo normal, ou licenciatura curta, e que precisavam de uma graduação para ganhar melhor ou se aposentar melhor. Também foi uma exigência do MEC que as escolas tivessem profissionais graduados.

Até aí tudo parece muito bonito. E na verdade por um tempo foi mesmo. Especialmente porque estes alunos viam a necessidade e a importância de uma graduação. Atualmente a coisa parece ser bem diferente.

A maiora das faculdades estão no processo de fechamento de semestre. O tutor EAD tem centenas de provas para corrigir (não se enganem, são centenas de provas mesmo!). E infelizmente, o que vemos nestas provas é uma falta de compromisso enorme com o curso. São realmente pérolas que os alunos escrevem, e que comprovam que muitos estão ali apenas para ter um diploma de graduação, custe o que custar.

Durante todo o semestre ou bimestre, dependendo da instituição, o aluno sequer procura o tutor para tirar dúvidas. Isso é uma realidade. O aluno apenas procura o tutor para pedir prazos de entrega de trabalho no final do semestre ou bimestre. Ou então, procura o tutor para cobrar postagem de nota, pois muitas vezes ele não tem noção que aquele orientador pedagógico tem várias salas para corrigir. Se o aluno também tira nota baixa em algum trabalho, o aluno também liga cobrando o porque você tirou nota dele, mesmo com a justificativa na sala virtual.


Se o tutor EAD dá nota baixa na prova, aquele aluno que nunca procurou o tutor em dia de atendimento, envia e-mails desesperados pedindo ponto, já que ele precisa viajar para fazer a prova substitutiva, que é muito difícil estudar, que tem filhos, maridos, cachorros, papagaios para cuidar. Também o índice nessa época de parentes no hospital é enorme, pois o aluno interna país, mães, filhos, maridos, amigos. Também são vários que alegam que não tinham condições psicológicas para ir fazer uma prova.

E o tutor diante desse quadro como fica? Na maioria das vezes o tutor é obrigado pela instituição a dar o ponto. Isso quando o próprio sistema não arredonda a nota do aluno. E assim, temos um grande número de pessoas que vão chegar ao final de um curso de graduação sabendo bem menos sobre um assunto que aquela pessoa que cursou o antigo normal ou a licenciatura curta.

Daí se pode perguntar: mas não existe um vestibular para selecionar estas pessoas?

Sim, existe, porém esse vestibular é só pró forma. Qualquer pessoa pode entrar na universidade. Infelizmente o contingente de pessoas despreparadas para uma vida acadêmica, de pessoas que são realmente semi-analfabetas, é enorme nestes cursos. E pior do que isso, as instituições acabam obrigando o tutor EAD a aceitar os trabalhos de pessoas que não sabem nem mesmo o básico da língua portuguesa, principalmente quando o curso não é uma graduação em Letras. Na verdade, nem nos cursos de Letras se pode tirar nota em uma prova por erro de português.

Também, tem-se um enorme contingente de pessoas que matriculam num curso EAD e que nunca trabalharam com computador. E essa se torna uma enorme justificativa para a não entrega de trabalhos em prazos solicitados. Porém, no vestibular não existe uma prova que teste os conhecimentos mínimos de informática. E mais uma vez percebemos que qualquer pessoa é aprovada nestes vestibulares. O absurdo é que vai caber ao tutor até mesmo ensinar o aluno a salvar um trabalho no Word.

Claro que existem alunos que tem compromisso com o curso. Infelizmente são poucos. Mas posso garantir que para o tutor é uma satisfação imensa perceber que aquele aluno que acaba de se formar será um bom educador. Que aquele aluno fez a diferença no curso.

Enfim, o que se pode perceber, atualmente, é que a Educação à Distância está virando uma grande oportunidade de ganhar diploma fácil. E as empresas educacionais estão vendo uma grande oportunidade em ganhar dinheiro fácil.

E o MEC nisso tudo? Este apenas quer mostrar resultados nas avaliações internacionais de educação. Sim, nesta toada o Brasil  vai conseguir melhorar sua posição no ranking de país "educado". Porém a qual custo??




Tutor EAD.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

VIDA (MALDITA) DE TUTOR EAD




Este é um espaço para podermos falar dessa nova profissão educacional: o tutor EAD.

Existem pontos positivos e pontos negativos nessa profissão. Falo profissão porque pelo que todos na área já perceberam o tutor EAD não é considerado professor. A legislação não abarca este cargo e não existe um sindicato institucionalizado que também apoie estes profissionais.

Mas vamos aos pontos positivos: se você não gosta de estar diante de uma sala de aula, este é o lugar, pois existe pouco ou nenhum contato com os alunos; normalmente o tutor pode fazer seu próprio horário; as poucas aulas presenciais (quando existem) conseguem estabelecer a relação entre professor e aluno;  e agora não consigo lembrar de mais nenhum.

Pontos negativos: salários baixíssimos; as empresas educacionais não levam em consideração sua titulação; os alunos são, em grande parte, semi-analfabetos; como a relação professor-aluno é feita apenas pela internet, se  o tutor não der nota total nos trabalhos, mesmo se estes estiverem péssimos, os são bem mal educados; o tutor não precisa pensar em nada, pois normalmente o material já vem pronto; o trabalho é completamente mecânico.

São vários pontos positivos e negativos nesta nova área educacional. Porém, é uma área que precisa ser repensada urgentemente, especialmente no que tange aos salários dos tutores e proteção jurídica.

Espero que este espaço ajude a quem deseja esta profissão e que sirva de espaço de discussão para quem já faz parte desta vida (maldita) de Tutor EAD.

Sejam bem vindos!!

Tutor EAD.