sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

As turbulências do início do ano letivo




O início do ano letivo pode ser um momento bom para o tutor EAD. Novos alunos, novas disciplinas a serem estudadas e passadas ao corpo discente, o reencontro com os colegas de trabalho.

Porém, desta vez, vou contar o que aconteceu com os tutores de onde trabalho. Não vou contar a instituição por medo de represália. No caso desta instituição, tutores são castigados até mesmo quando não tem carga horária suficiente para servir a instituição.

Existe um cargo administrativo em que o tutor é responsável por verificar estágios, atividades extra curriculares, e dúvidas em relação a nota. Este tutor vai pra linha de frente da sala, ministrar aula. Esses profissionais não são considerados professores, e pelo que todos viram nesse início de ano, são considerados completamente descartáveis. Também possuiam uma remuneração fixa, independente do número de salas que trabalhavam. E também ganhavam para ministrar aulas, complementando assim sua remuneração.

No ínicio deste ano surgiu a bomba: os tutores passaram a ganhar pelo número de alunos, e sua carga horária também está relacionada a este número. Alguns vão trabalhar 12h, outros 2h. E sua remuneração também será colocada de acordo com essa carga horária. Aquele tutor que possuia apenas uma sala, com um salário fixo, agora vai ganhar menos, bem menos que aquele salário fixo. E os que possuem várias salas vão tem mais trabalho, também com um salário reduzido.

E para ministrar as aulas em sala? Estas aulas, a partir de agora, não serão mais remuneradas, estando veiculadas ao salário pago por este cargo a partir de agora.

A indignação foi enorme. A instituição, como sempre, não fala claramente como vamos ganhar. E não adianta pedir explicações: ao que parece, os coordenadores tem medo de dizer exatamente qual é a remuneração do trabalhador. Não respeitam as Convenções Coletivas de Trabalho e nem mesmo as normas do que eles chamam de Plano de Carreira, que pelas cláusulas, é impossível qualquer trabalhador ascender.

E quais seriam os direitos dos tutores? Ninguém sabe. Não temos um sidicato realmente constituído. Não somos considerados professores por várias instituições e nem mesmo pelos sindicatos dos professores. Estamos juridicamente sem proteção!

E assim, vemos a cada dia o quanto estamos sujeitos as loucuras das instituições de ensino superior que visam apenas o lucro. Sim, pois até mesmo foi passado a todos os tutores que conteúdo não era mais importante a ser ministrado em sala de aula.

Enquanto isso, alunos são lesados  pois a cada dia estão perdendo ensino de qualidade. Professores são prejudicados em relação a salários, autonomia em sala de aula, tornando-se apenas "papagaio de pirata". E as instituições de ensino superior veem, a cada hora, sua conta bancária ficar mais cheia.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

FELIZ 2012!!!


O blog Vida (Maldita) de Tutor EAD, deseja a todos um ótimo ano de 2012, e que possamos sempre pensar no Brasil como um país que realmente se esforça a dar a sua população uma educação de qualidade, visando, dessa forma, que as pessoas que fazem parte dessa grande nação possam melhorar sua condição de vida de forma efetiva, através do conhecimento.

Que todos seja coerentes em seus estudos, profissões e vontades, pois somos nós que escolhemos nossos caminhos, e devemos lutar para que este seja levado com honestidade.

Desejo que no próximo ano a educação brasileira não seja tratada apenas como mais uma forma de ganhar dinheiro pelas universidades, ou de conseguir diploma, no caso de muitos alunos, e sim como um meio de desenvolvimento da população.

Feliz 2012!!!


Tutor EAD.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

É TEMPO DE DEMISSÕES NO ENSINO SUPERIOR



Como todos os professores de Universidades, Faculdades e Centros Universitários particulares sabem, dezembro é tempo de demissões no ensino superior. Pior ainda se o professor for mestre ou doutor.

Quanto mais qualificação o professor tiver, mais difícil será para este profissional permanecer no cargo. Um exemplo terrível deste tipo de situação foi o que aconteceu na UNIABC, comprada pelo grupo Anhanguera, no meio do ano de 2011, em que aproximadamente 180 professores, mestres e doutores, foram demitidos da instituição.

Infelizmente, é esta mesmo a situação do docente de ensino superior no país. E isso se dá desde que o governo federal viabilizou a abertura de faculdades e centros universitários particulares desde a época da gestão de Fernando Henrique Cardoso. O MEC neste tempo, ao que parece, só serve como órgão de fiscalização para ver se a universidade tem capacidade de abrir, exigindo um número mínimo de professores mestres e doutores. 

Depois que a instituição é reconhecida, estes professores são sumariamente demitidos, visto que não tem mais serventia, já que tudo o que a instituição precisava era de seu diploma, e não de seu conhecimento. O MEC não volta a fiscalizar por no mínimo 4 anos, e só depois deste tempo é que os professores com mestrado e doutorado são contratados, pois daí a instituição terá outra visita oficial para reconhecimento de seus cursos.

E é nessa montanha russa que o professor se encontra,  entre a contratação e a demissão, já que um profissional especializado custa caro para os centros educacionais de ensino superior. E isso acontece também no mundo da Educação à Distância.

O Tutores EAD também são alvo das demissões em massa no final do ano. Seja pelo aperfeiçoamento dos programas voltados ao EAD, fazendo com que um número mínimo de tutores possa mediar o estudo de centenas de alunos, seja pela sobrecarga de atribuições dada a um único tutor. Sem falar nos baixos salários, ou na redução dos mesmos, onde a maioria dos professores não recebem por seu título, mas acabam aceitando por não encontrar outra vaga de emprego.

Infelizmente é esta a situação do professor que trabalha no ensino superior particular no Brasil. É só perguntar para qualquer professor da área para constatar. Estamos todos sujeitos a baixos salários, a não termos nossos diplomas reconhecidos, à falta de estrutura das instalações das instituições superiores, e à angústia de sempre ao final do ano não sabermos se teremos emprego no próximo ano letivo.  

Eu realmente não sei onde está o MEC e do Ministério do Trabalho que não fiscaliza esta situação vexatória que os profissionais do ensino superior estão sujeitos. 

Se o Brasil quer crescer no ranking mundial de educação, não é só facilitando as pessoas a terem diploma, e sim, fazendo com que estas tenham seu diplomas, mas através de uma educação de qualidade. 







domingo, 11 de dezembro de 2011

Avaliações X Descompromisso





A maioria das faculdades, tanto presenciais quanto à distância estão passando pelo momento de correção de provas e entregas de notas neste momento.

Em relação às universidades EAD, uma constante são as reclamações dos professores em relação à qualidade dos alunos. Estes vão para a prova sem o mínimo de preparo em casa, sem estudar mesmo. São verdadeiras pérolas, piores que aquelas que circulam na internet em relação às provas de estudantes de ensino médio ou respondidas em provas de vestibular.

No caso da universidade que trabalho, a média de idade varia de 35 anos à 60 anos. Considero as "pérolas" muito piores neste caso pois a maioria dos alunos são professores em escolas estaduais principalmente.

E se o tutor dá uma nota baixa, o aluno normalmente, tem direito a uma prova substitutiva, ou seja, esta prova vai substituir a nota anterior. Uma tendência que aconteceu neste final de ano foi que a maioria dos alunos também foram para esta prova despreparados. Muitos tiraram menos na prova substitutiva que na prova anterior.

Infelizmente, o perfil da maioria dos alunos é o seguinte: estão na instituição para conseguir um diploma de licenciatura independente se sairão sabendo alguma coisa ou não. Isso já foi me dito em sala de aula, por um aluno que questionou o número de trabalhos e provas.

A maioria dos alunos também só procuram o tutor para poder pedir prazos para entrega de trabalhos ou pedir nota. Sim, pedem descaradamente por notas. Imploram ao professor, falando que se não passarem na matéria irão largar a faculdade, falando que trabalham e estudam, que tem atribuiçõe e etc.

Só resta ao tutor tentar fazer com que estes alunos pelo menos tentem estudar. O mínimo que seja! E mesmo assim, o tutor é chamado de insensível, de que não liga para os problemas dos alunos, carrasco e etc. E ao final, normalmente o professor tem que dar a nota do aluno a pedido da coordenação.

Infelizmente, enquanto não for levado a sério o ensino à distância, este cabo de guerra continuará, e por incrível que pareça a parte mais fraca desta relação é o Tutor EAD.


Tutor EAD.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Tutor é Professor: Regulamentar a Profissão de Tutor

Tutor é Professor: Regulamentar a Profissão de Tutor: Primeiro ponto específico para discutirmos: a necessidade de regulamentar a profissão de tutor , ou algo nessa direção. A Carta de João Pess...

Atribuições X Salário




O Tutor EAD possui várias atribuições: deve entender de tecnologia;  deve tratar os alunos com respeito; ler e corrigir todas as atividades postadas na Sala Virtual; deve estar disponível no pólo em determinados horários para que o aluno possa contactá-lo; deve estar apto a responder as dúvidas dos alunos; em alguns casos, deve responder os alunos em 24h; deve corrigir as provas em tempo hábil, para que os alunos tenham a nota; em alguns casos é responsável pela elaboração de material didático; também, em alguns casos, é responsável direto pela correção dos estágios dos alunos; também, deve estar presente em algumas aulas presenciais.

Realmente, o Tutor EAD precisa ser um profissional capaz de trabalhar com plataformas e programas voltados à Educação à Distância. E também precisa ter disponibilidade de horário para trabalhar tanto no pólo, quanto fora deles. Dessa forma, o Tutor EAD sempre ganhará a metade que um professor presencial.

O maior problema desse profissional dentro do mercado de trabalho são os baixos salários X a grande carga horária a ser trabalhada. Uma das justificativas das instituições de ensino é que, como não é necessário um espaço físico para receber os alunos, o Tutor EAD só precisa trabalhar algumas horas no pólo da instituição, e por isso mesmo, as mensalidades dos alunos podem ser menores. Assim, o Tutor EAD também sai barato para instituição, pois muitas vezes, a carga horária do pólo é dividida pela carga horária que deve ser feita em casa.

 Existem casos em que o tutor trabalha 40h no pólo e recebe menos de mil reais por várias atribuições. Também existem casos em que ele ganha pelo número de alunos no curso, ou na disciplina a qual ele é responsável, e assim, seu salário varia muito.

Existem Universidades, Faculdades ou Centro Universitários, que pagam o salário do tutor o ano todo. Outras instituições não, ou seja, pagam o tutor apenas enquanto ele tem alunos matriculados, e meses como janeiro, fevereiro e julho o tutor não recebe, já que os estudantes estão de férias.

Uma das questões que possibilita o descaso em relação ao salário destes profissionais é que o Tutor EAD, na maioria das vezes não é reconhecido como professor. Nem mesmo os Sindicatos dos Professores reconhecem esse profissional. É só fazer uma pequena pesquisa na internet para saber que isso é verdade. Apenas o SINPRO do Rio Grande do Sul criou uma norma reconhecendo o Tutor EAD como professor.

Assim, não sendo professor, nem mesmo o título acadêmico desses profissionais é considerado. Não adianta o Tutor EAD ter especialização, mestrado, doutorado ou pós-doutorado. Esse fator não é levado em consideração, já que nem professor ele é! E as intituições, tanto públicas quanto particulares, de ensino se aproveitam dessa falha na lei para pagar os baixos salários.

Dessa forma, conversando com outros tutores, nós, profissionais do EAD ficamos sem respostas sobre nossa condição de trabalho: muitas atribuições e pouco dinheiro no final do mês.

Se a Educação à Distância é a educação do futuro, esta deveria começar primeiramente valorizando o Tutor EAD, pois será ele o mediador de conhecimento.

Tutor EAD.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Compromisso dos alunos com a Educação EAD





O Ensino à Distância entrou no cenário nacional como uma oportunidade para quem não teve condições de cursar uma faculdade. No início a maioria dos alunos eram professores que haviam cursado o antigo normal, ou licenciatura curta, e que precisavam de uma graduação para ganhar melhor ou se aposentar melhor. Também foi uma exigência do MEC que as escolas tivessem profissionais graduados.

Até aí tudo parece muito bonito. E na verdade por um tempo foi mesmo. Especialmente porque estes alunos viam a necessidade e a importância de uma graduação. Atualmente a coisa parece ser bem diferente.

A maiora das faculdades estão no processo de fechamento de semestre. O tutor EAD tem centenas de provas para corrigir (não se enganem, são centenas de provas mesmo!). E infelizmente, o que vemos nestas provas é uma falta de compromisso enorme com o curso. São realmente pérolas que os alunos escrevem, e que comprovam que muitos estão ali apenas para ter um diploma de graduação, custe o que custar.

Durante todo o semestre ou bimestre, dependendo da instituição, o aluno sequer procura o tutor para tirar dúvidas. Isso é uma realidade. O aluno apenas procura o tutor para pedir prazos de entrega de trabalho no final do semestre ou bimestre. Ou então, procura o tutor para cobrar postagem de nota, pois muitas vezes ele não tem noção que aquele orientador pedagógico tem várias salas para corrigir. Se o aluno também tira nota baixa em algum trabalho, o aluno também liga cobrando o porque você tirou nota dele, mesmo com a justificativa na sala virtual.


Se o tutor EAD dá nota baixa na prova, aquele aluno que nunca procurou o tutor em dia de atendimento, envia e-mails desesperados pedindo ponto, já que ele precisa viajar para fazer a prova substitutiva, que é muito difícil estudar, que tem filhos, maridos, cachorros, papagaios para cuidar. Também o índice nessa época de parentes no hospital é enorme, pois o aluno interna país, mães, filhos, maridos, amigos. Também são vários que alegam que não tinham condições psicológicas para ir fazer uma prova.

E o tutor diante desse quadro como fica? Na maioria das vezes o tutor é obrigado pela instituição a dar o ponto. Isso quando o próprio sistema não arredonda a nota do aluno. E assim, temos um grande número de pessoas que vão chegar ao final de um curso de graduação sabendo bem menos sobre um assunto que aquela pessoa que cursou o antigo normal ou a licenciatura curta.

Daí se pode perguntar: mas não existe um vestibular para selecionar estas pessoas?

Sim, existe, porém esse vestibular é só pró forma. Qualquer pessoa pode entrar na universidade. Infelizmente o contingente de pessoas despreparadas para uma vida acadêmica, de pessoas que são realmente semi-analfabetas, é enorme nestes cursos. E pior do que isso, as instituições acabam obrigando o tutor EAD a aceitar os trabalhos de pessoas que não sabem nem mesmo o básico da língua portuguesa, principalmente quando o curso não é uma graduação em Letras. Na verdade, nem nos cursos de Letras se pode tirar nota em uma prova por erro de português.

Também, tem-se um enorme contingente de pessoas que matriculam num curso EAD e que nunca trabalharam com computador. E essa se torna uma enorme justificativa para a não entrega de trabalhos em prazos solicitados. Porém, no vestibular não existe uma prova que teste os conhecimentos mínimos de informática. E mais uma vez percebemos que qualquer pessoa é aprovada nestes vestibulares. O absurdo é que vai caber ao tutor até mesmo ensinar o aluno a salvar um trabalho no Word.

Claro que existem alunos que tem compromisso com o curso. Infelizmente são poucos. Mas posso garantir que para o tutor é uma satisfação imensa perceber que aquele aluno que acaba de se formar será um bom educador. Que aquele aluno fez a diferença no curso.

Enfim, o que se pode perceber, atualmente, é que a Educação à Distância está virando uma grande oportunidade de ganhar diploma fácil. E as empresas educacionais estão vendo uma grande oportunidade em ganhar dinheiro fácil.

E o MEC nisso tudo? Este apenas quer mostrar resultados nas avaliações internacionais de educação. Sim, nesta toada o Brasil  vai conseguir melhorar sua posição no ranking de país "educado". Porém a qual custo??




Tutor EAD.